MPF recomenda ao Ministério da Saúde reforço na estrutura de atendimento aos yanomami
O Ministério Público Federal cobrou da Secretaria Especial Indígena, ligada ao Ministério da Saúde, um plano de reestruturação de atendimento aos yanomami, e recomendou uma auditoria nas contas do distrito sanitário que cuida dos indígenas.
O Ministério Público Federal (MPF) cobrou da Secretaria Especial Indígena (Sesai) – ligada ao Ministério da Saúde – um plano de reestruturação de atendimento aos yanomami, e recomendou uma auditoria nas contas do distrito sanitário que cuida dos indígenas.
Neste domingo (14) o Fantástico mostrou crianças desnutridas, doentes e sem atendimento médico.
Uma Amazônia ameaçada pelo garimpo. Floresta destruída e indígenas doentes.
“Estamos sofrendo nas aldeias. Precisamos alguém, equipe filmar, e demonstrar a realidade”, diz o vice-presidente da Associação Hutukara, Dario Kopenaua Yanomami.
A equipe do Fantástico foi até a terra Yanomami pra mostrar essa realidade. Por duas semanas, o repórter Alexandre Hisayasu viu de perto o sofrimento do povo Yanomami.
Cerca de 30 mil deles vivem na maior reserva indígena do Brasil, a terra Yanomami tem 9 milhões de hectares, uma área do tamanho de Portugal.
Neste mesmo espaço, estão pelo menos 20 mil garimpeiros. A Polícia Federal em operação no fim de outubro, destruiu acampamentos, máquinas e até aviões.
Mas novos acampamentos são abertos toda semana. Os líderes indígenas dizem que os invasores espantam a caça e a pesca, além de contaminarem os rios com mercúrio. Os Yanomami enfrentam o garimpo e a falta de assistência médica.
Os postos de saúde estão em situação precária. Sobra abandono e faltam medicamentos.
“Falta do medicamento está matando o povo yanomami, morreram crianças, adultos. O governo não manda profissionais para a comunidade, demora muito para atender a população e remover um paciente grave”, afirma o presidente da Condisi Yanomami, Junior Yanomami.
Repórter: Dá pra funcionar um hospital nessa casa?
Técnica de enfermagem: É o que a gente tem no momento. É difícil porque a gente quer poder fazer mais e a gente não tem como.
O lado mais cruel dessa falta de assistência é o das crianças. Muitas doentes com malária e abaixo do peso. Um estudo da Fiocruz revelou no ano passado que 8 de cada 10 crianças yanomami tem desnutrição crônica.
“É uma desassistência total no que diz respeito a legislação indigenista, a legislação ambiental. Então cria-se um cenário perfeito para que o caos sanitário seja instalado e seja mantido”, diz Paulo César Basta, médico e pesquisador em saúde pública da Fiocruz.
O Ministério Público Federal tem mais de 20 ações em andamento acerca da terra Yanomami, incluindo investigações sobre ataques de garimpeiros, omissão de socorro e mortes indígenas.
O MPF agora está cobrando que a Secretária Especial de Saúde Indigena (Sesai) e o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI), ambos ligados ao Ministério da Saúde, que eles façam uma reestruturação no atendimento de saúde aos indígenas, incluindo uma ampliação no quadro de profissionais de atendem nas comunidades.
Os procuradores recomendaram ainda uma auditoria nas contas da saúde Yanomami.
“Em menos de dois anos foram investidos mais de R$ 150 milhões na saúde é nome e o que nós observamos ao longo desses dois últimos anos é a piora dos indicadores de saúde. Mortalidade infantil, desnutrição, malária esses indicadores pioram ano a ano. Então, o que nós identificamos é a falta de eficiência na aplicação desses recursos e talvez a lisura na aplicação desses recursos”, diz Alisson Marugal, procurador da República
O Ministério da Saúde alega dificuldades logísticas e climáticas no atendimento aos indígenas. O coordenador do Distrito de Saúde Indígena Yanomami também culpou a pandemia pelo atraso em obras e na entrega de medicamentos.
“Temos a noção e a convicção que precisamos melhorar muito, muito em relação a alguns pontos, mas isso não é uma realidade de toda a reserva yanomami”, diz Rômulo Pinheiro de Freitas, Coordenador Distrital de Saúde Indígena Yanomami.
Enquanto as melhorias não chegam, os yanomami lutam em duas frentes, pela saúde do corpo e pela preservação da terra.
“Quando não tem invasão, as nossas crianças estão saudáveis e brincando com saúde”, diz Dário Kopenaua Yanomami, vice-presidente da Hudakara Associação Yanomami.
Por G1.